LONDRES—A atriz canadense nascida na China, Anastasia Lin, está no topo da lista dos mais procurados da China. Depois de ser coroada Miss Mundo Canadá em 2015, em vez de seguir uma vida glamorosa como rainha da beleza, ela optou por falar sobre os abusos dos direitos humanos em seu país natal.
Em 6 de setembro, ela foi convidada a Westminster para a estreia britânica de seu novo filme, The Bleeding Edge, um thriller narrativo que retrata os horrores da lucrativa indústria chinesa de extração forçada de órgãos. O filme foi exibido na Câmara dos Comuns pouco depois de a primeira-ministra Theresa May viajar para a cúpula do G-20 em Hangzhou, na China.
A atriz de 26 anos escolheu estrelar filmes que lançam luz sobre questões de direitos humanos no país comunista e, por causa disso, produtores americanos disseram a ela que ela provavelmente está na “lista negra” de Hollywood.
No entanto, a história angustiante retratada em The Bleeding Edge, sobre a extração e venda de órgãos de prisioneiros de consciência sancionada pelo Estado, é baseada em relatos verdadeiros. As vítimas são budistas tibetanos, cristãos domésticos, uigures e praticantes do Falun Gong.
“Acredito que um órgão deve ser um presente de um ser humano para outro. Não pode ser dado à força, porque a pessoa que está recebendo o órgão também se torna a vítima”, disse Lin após a exibição do filme.
Com praticamente nenhum sistema de doação de órgãos na China, mas um número incomumente alto de transplantes de órgãos, a disparidade nos números provocou pesquisadores a investigar o assunto há mais de uma década.
Ethan Gutmann, que fez extensas investigações sobre o comércio ilegal de órgãos na China, descobriu que a principal fonte de órgãos extraídos ilegalmente é de praticantes do Falun Gong, uma prática espiritual tradicional chinesa que foi proibida pelas autoridades chinesas desde 1999. Acredita-se que centenas de milhares tornaram-se prisioneiros de consciência em toda a China.
“Claramente o sistema de transplante [chinês] cresceu em harmonia com o encarceramento do Falun Gong”, disse Gutmann.
A pesquisa mais recente de Gutmann descobriu que os transplantes de órgãos na China são exponencialmente maiores do que as “estatísticas oficiais” do país de 10,000 a 20,000 por ano. A pesquisa, publicada como “Bloody Harvest/The Slaughter: uma atualização“, descobriu que desde 2000 poderia ter havido uma estimativa de 60,000 a 100,000 transplantes ocorrendo na China, por ano.
Lin, que pratica o Falun Gong, é tocado pela coragem daqueles que são oprimidos na China, mas ainda são fiéis à sua crença. “Eles são os corajosos”, disse ela.
“São essas pessoas que acabaram na prisão, não porque fizeram algo errado, mas por causa do sistema”, disse Lin.
Ela espera que o filme aumente a conscientização sobre a questão da extração forçada de órgãos na China e está pedindo à comunidade internacional que tome medidas.
No início deste ano, ela testemunhou no Parlamento do Reino Unido sobre a perseguição de minorias religiosas e a prática de extração forçada de órgãos. Ela também testemunhou anteriormente em uma audiência no Congresso dos EUA sobre perseguição religiosa na China.
Enquanto em Londres, Anastasia Lin apareceu no BBC World Service e falou sobre a extração forçada de órgãos na China e The Bleeding Edge.